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Viroses no trigo é tema de live

A oferta de folhas verdes no desenvolvimento inicial da cultura do trigo costuma atrair insetos sugadores

A oferta de folhas verdes no desenvolvimento inicial da cultura do trigo costuma atrair insetos sugadores, como os pulgões que, além dos danos diretos decorrentes do ato alimentar, também podem transmitir vírus, que causam problemas que serão percebidos ao longo da safra de trigo. O tema estará em discussão na live “Deu virose no trigo. E agora?”, promovida pela Embrapa Trigo no dia 7 de julho, às 19h, no canal da Embrapa no Youtube.

Plantas de trigo com ponta das folhas amareladas, folhas com estrias e plantas subdesenvolvidas são sintomas bem conhecidos pelo produtor, mas o diagnóstico nem sempre é fácil. Diferentes viroses podem ser favorecidas tanto pelo clima frio e chuvoso, quanto pelo tempo seco e temperaturas mais amenas. Os danos dependem da fase de desenvolvimento da cultura em que ocorreu a infecção.

De acordo com Douglas Lau, pesquisador da Embrapa Trigo, são duas as principais doenças causadas por vírus que acometem os cereais de inverno no Sul do Brasil: o Nanismo Amarelo dos Cereais e o Mosaico Comum do Trigo. 

Os vírus que causam o Nanismo Amarelo são transmitidos por pulgões, insetos favorecidos pelo tempo seco e temperaturas amenas desde a implantação da cultura. Como o próprio nome indica, a planta atacada pelo vírus apresenta nanismo, sendo o crescimento afetado devido ao comprometimento do sistema vascular. O amarelecimento das folhas é consequência desse efeito prejudicando a fotossíntese. Para evitar danos por Nanismo Amarelo é preciso optar por cultivares tolerantes e monitorar as populações de pulgões. Caso os pulgões atinjam o nível de controle (média de 10% das plantas infectadas), devem ser realizadas pulverizações com inseticidas de ação específica, que não atuem contra inimigos naturais das pragas agrícolas. 

No caso do Mosaico Comum do Trigo, o vetor do vírus é um microorganismo que está presente no solo e se espalha por meio de esporos que são liberados com a água da chuva, infectando a planta pela raiz. O problema é maior logo após o plantio, no desenvolvimento inicial do sistema radicular. Os sintomas foliares são alternância entre áreas sadias (verdes) e áreas doentes (amareladas), resultando em folhas estriadas. O mosaico ocorre, geralmente, em áreas com histórico da doença. Algumas práticas culturais como a rotação de culturas e adubação nitrogenada podem ajudar no manejo, mas a medida mais eficiente é o uso de cultivares tolerantes ou resistentes à doença. 

Danos

As viroses afetam o desenvolvimento das plantas de trigo, reduzindo o volume de grãos. No caso do nanismo amarelo, para as cultivares disponíveis atualmente no mercado, a redução de produção de grãos é de 40 a 50% se as plantas forem infectadas em início de ciclo. Para o mosaico, reduções de produtividade de 50% em cultivares suscetíveis também podem ocorrer. 

Segundo o pesquisador Douglas Lau, não existem produtos de ação direta contra esses vírus. “O controle precisa ser preventivo, com escolha de cultivares resistentes, principalmente em áreas com histórico de ocorrência do mosaico, e com monitoramento constante da população de pulgões”, alerta. 

O nanismo-amarelo em cereais de inverno no Brasil é causado, predominantemente, pelo Barley yellow dwarf virus – BYDV-PAV e transmitido, principalmente, pelos afídeos Rhopalosiphum padi, com ocorrências no outono e na primavera; e Sitobion avenae, com ocorrência na primavera. O potencial de dano deste complexo afídeo-vírus à produção de trigo resulta da interação entre o nível de tolerância/resistência das cultivares e a incidência da doença, sob a influência de condições meteorológicas.

O mosaico do trigo é causado pelo Wheat stripe mosaic virus e transmitido por Polymyxa graminis. A doença é favorecida pela semeadura em solo encharcado.

Monitoramento

A Rede de Monitoramento de Pragas em Cereais de Inverno registrou que durante a safra de inverno 2019 ouve a maior população de pulgões dos últimos dez anos. Os insetos foram favorecidos pelo clima quente e seco do inverno na Região Sul, resultando numa população cinco vezes superior à média do período 2001 a 2018.

Em 2020, as condições meteorológicas de abril e maio estavam muito favoráveis aos pulgões e transmissão de BYDV. Já as condições no mês de junho, de elevada precipitação pluvial, aumentaram os riscos de transmissão do vírus do mosaico.

De acordo com a plataforma TrapSystem (parceria entre Embrapa e IFSul) - que armazena, organiza e permite visualizar os dados de monitoramento de insetos coletados pela Rede de Monitoramento de Pragas em Cereais de Inverno - as populações de afídeos alados coletados em armadilhas instaladas na região norte do Rio Grande do Sul, mostraram elevadas populações de afídeos entre março e maio. No período entre o início do ano e 25 de junho, ao todo já foram capturados 1704 afídeos por armadilha. A média histórica para o período é de 934 afídeos acumulados por armadilha. A alta incidência dos insetos deve ter permitindo a transmissão e multiplicação de BYDV em culturas como a aveia preta. Assim, há a presença de inóculo em campo. No entanto, as condições meteorológicas atuais de precipitação 171,8 mm acumulados no mês e temperaturas mais baixas (média de 14,7°C) são menos favoráveis as populações de afídeos reduzindo o risco de transmissão de BYDV para culturas recém implantadas.

A orientação da pesquisa é o monitoramento da lavoura após 20 a 30 dias da emergência das plantas para avaliar a incidência de pulgões no trigo, sendo indicada a aplicação de inseticida quando atingir o nível de 10% de plantas com pulgões.

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