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Sojicultor brasileiro tem melhor retorno financeiro na safra 2020/21 desde criação do Plano Real

Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest, detalha resultados positivos considerando ainda dólar, inflação e andamento dos preços em Chicago. Resultados são positivos em todos os estados produtores.

O retorno financeiro da soja na safra 2020/21 do Brasil deverá ser o melhor dos últimos anos e alcançar seu melhor nível desde a criação do Plano Real, em 1994, como explicou o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quinta-feira (6). E este é o principal combustível para o considerável aumento da área esperado para a nova temporada brasileira da oleaginosa, que na perspectiva da Agrinvest deverá ser próximo de 900 mil hectares. 

"Acreditamos que devemos ter uma área entre 37,8 e 37,9 milhões de hectares plantados no Brasil", acredita Araújo, que explica ainda que essas novas áreas deveriam vir essencialmente de pastagens degradadas. Mais do que isso, o analista explica que o atual cenário macroeconômico - com um novo corte na taxa básica de juros para 2%, que ficam negativos ao se aplicar o fator inflação - pode atrair até mesmo investidores que atualmente no atuam no campo. 

A questão cambial é outro fator que segue contribuindo para a formação dos preços da soja do Brasil, bem como da rentabilidade do sojicultor. "De curto para médio prazo é provável que o real ganhe força frente ao dólar e Chicago ter um impulso maior", diz Araújo. Da mesma forma, o inverso também é verdadeiro. A desvalorização do real - que passa de 30% no acumulado de 2020 - trouxe boas oportunidades de comercialização da oleaginosa em reais. 

Na aquisição dos insumos, o produtor brasileiro ainda encontro uma compensação de seus itens que são importados com preços baixos no mercado internacional, principalmente dos fertilizantes, que bateram em suas mínimas em 10 anos. 

Araújo utiliza como exemplo nesta entrevista o município de Dourados, no Mato Grosso do Sul, para ilustrar o bom momento da rentabilidade do produtor, que na localidade ficaria em R$ 2.163,52. Entenda o cálculo:

Condição do mercado futuro:
Soja março-21 $893.00 centavos por bushel
Prêmio FOB +60
Valor FOB $350,18 por tonelada
Dólar Futuro 5,288
Preço da Soja Sobre Rodas Porto R$108,60 por saca 

$953,00 x 0,367454 -$44,04 logística interna = $306,14 por t ou $18,37 por saca 
$18,37 x 5,288 = R$97,13 por sc 
R$97,13 x 60 sacas - R$3.664,48 = R$2.163,52 por hectare 

"Se pegarmos uma região que sofre muito com o custo logístico, como o médio Norte de Mato Grosso, a rentabilidade cai para R$ 1509,00 por hectare, em Sorriso, ou seja, o lucro se repete, colhendo 60 sacas (de média por hectare) em Sorriso/MT", explica. "E estes cálculos são feitos em cima de lavouras de alta tecnologia". O importante, desta forma, é que o produtor faça seus cálculos de acordo com as realidades de sua região, saúde financeira e fluxo de caixa para otimizar seus resultados. 

A questão cambial promoveu ainda uma redução na despesa logística brasileira, aumentando a competitividade brasileira. "Uma logística interna de uma fazenda no Médio Norte de MT até dentro do navio dava US$ 90,00 por tonelada, quando o pico estava a R$ 4,00, com esse dólar batendo nos R$ 5,90 / R$ 6,00, ela caiu para US$ 60,00. Ou seja, são US$ 30 por tonelada, praticamente US$ 1 por bushel, que ganhamos de competitividade no destino. É por isso que a soja americana está apanhando da brasileira", explica Marcos Araújo. 

"E quando se tem essa questão cambial muito favorecida para o produtor rural, ele se entrega mais facilmente às vendas e isso se traduz em um prêmio mais fraco. Isso tudo combinado dá essa competitividade extraordinária para a soja brasileira na China. E hoje, se fizermos uma conta de fevereiro a maio do ano que vem, as indústrias chinesas comprando a soja brasileira estão tendo uma margem de mais de US$ 30,00 por tonelada", completa o analista. 

Todos esses fatores alinhados já resultam, na perspectiva da Agrinvest, em uma comercialização da safra 2020/21 de mais de 40%, o que é recorde para o período, como já vem sendo adiantado por ele e mais analistas e consultores de mercado ao Notícias Agrícolas. "O produtor precisa se profissionalizar na comercialização, porque ainda perdemos muito dinheiro com isso", diz. 

Por:
 Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
 Notícias Agrícolas

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