Alfredo Wagner/SC
A produção de hortaliças costuma ser uma atividade com intensa mecanização, revolvimento de solo e utilização crescente de insumos. Ao longo dos anos essa prática gera erosão, diminui a fertilidade do solo e aumenta o custo de produção. O Spdh ou Sistema de Plantio Direto de Hortaliçasoferece técnicas para tornar a olericultura mais sustentável.
O sistema se baseia na rotação de culturas, mínimo revolvimento e cobertura permanente do solo. No município de Alfredo Wagner, Valdemar da Silva, produtor de cebola, implantou o sistema há aproximadamente 20 anos.
A Epagri chegou na propriedade do Valdemar nos anos 90, através do Programa Microbacias 1 e foi aí que começou esse trabalho com plantas de cobertura. Valdemar abraçou essa causa e começou a testar quais as plantas funcionavam melhor para cumprir as funções de cobertura de solo, adubo verde e que não impedissem a mecanização. “O começo foi muito difícil, nós tínhamos um terreno muito pobre, então a gente criou uma certa resistência pra começar.
Mas depois, a partir do terceiro ano, a gente viu que o caminho era esse a ser seguido” – conta Valdemar. O solo da propriedade era muito degradado. De acordo com as análises de solo, a matéria orgânica que antigamente era de 0,6%, hoje aumentou para 2,5 a 3,0%. A produtividade, antes do Spdh, era de 6 a 8 toneladas por hectares. Hoje a família está colhendo de 25 a 32 toneladas de cebola por hectare. Tudo isso aliado a redução no uso de insumos, fertilizantes e agrotóxicos.
Valdemar explica como faz o manejo das suas lavouras: “Eu trabalho 8 hectares destinados para a cebola. Então eu dividi em 2 partes: em 4 hectares eu planto cebola e nos outros 4 hectares eu deixo em pousio, fazendo a adubação verde. Aqui nessa área eu tinha cebola, depois da colheita eu plantei o capim Sudão, depois já semeei o azevém, em outubro eu planto a crotalária, e depois de meados de abril planto aveia. A cebola só vem depois de todas essas etapas”
Sérgio da Cruz, extensionista rural da Epagri de Alfredo Wagner, vem acompanhando a propriedade do Valdemar com tabelas de custos de produção desde 2014. Ele fala das principais vantagens do Sistema: “Hoje o Valdemar já vem de 4 ou 5 safras produzindo em média 30 toneladas por hectares. Enquanto muitos agricultores produzem 40 toneladas por hectares em um ano, e apenas metade disso no próximo ano, o Valdemar tem uma produção estável” – conta Sérgio. Outra vantagem é a redução do uso de agrotóxicos. O sistema tem permitido pro Valdemar essa redução. Isso reflete na diminuição de custos e no aumento da qualidade de vida. A quantidade de adubação química também tem reduzido bastante.
Hoje, Valdemar diz que o Spdh valeu a pena e nem pensa em produzir cebola de outra maneira. “Até acredito que para nós estarmos na agricultura hoje foi graças ao Spdh. Se for pra voltar pro convencional a gente para. Não tem como tocar se não for nesse sistema.”
Fonte: Epagri