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Produtores veem oportunidade no lúpulo

Aposta vem com o crescente número de cervejarias artesanais

O Brasil é um dos grandes produtores de cerveja do mundo. De acordo com dados divulgados recentemente pelo Anuário da Cerveja no Brasil em cinco anos o número de cervejarias cresceu 264% no país. Em 2015 eram 332 fábricas. Em 2019, esse número saltou para 1.209. 

Já um outro levantamento realizado pela Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo) aponta que, em 2019, o Brasil importou 3.600 mil toneladas do produto. De olho nesta oportunidade, nos últimos anos, o cultivo comercial de lúpulo no Brasil tem crescido, gerando oportunidades a serem exploradas em diversas regiões. A produção anteriormente era avaliada como inviável devido à condições climáticas mas a adaptação do cultivo e iniciativas para sua produção tem sido fruto de investimento nos últimos anos.

O lúpulo é uma planta utilizada na fabricação da cerveja, por possuir uma flor que contém substâncias que conferem amargor e também aroma ao produto mas também pode ter usos em saladas e medicamentos. De origem alemã já tem cultivos no Espírito Santo, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro. O cultivo ainda é tímido no país, com aproximadamente 40 hectares de área plantada.

Agora a cultura passou a ser fonte de renda para produtores do Distrito Federal. Com estações chuvosa e seca bem definidas, é possível ter até três safras do lúpulo por ano no Estado. No entanto, para os iniciantes, vale destacar que apenas na terceira ou quarta safra é que o lúpulo atinge boa maturidade e chega na qualidade ideal de sabor e aroma para a bebida.
 
“Por ser uma cultura trabalhosa e com alto investimento, ao longo do processo ela dá um retorno muito grande. Então, a partir deste despertar, a Emater começou a atender de forma mais efetiva e até estimular os produtores no cultivo de lúpulo, que tem muito valor agregado”, afirma o extensionista Daniel Oliveira, gerente do Escritório de Agricultura Orgânica e Agroecologia da Emater-DF. 

Auxílio com técnicas de irrigação e adubação, identificação de pragas na plantação, análise de solo, questões de pós-colheita e aquisição de crédito rural são alguns dos conhecimentos prestados pela empresa aos produtores. 

Boas experiências

Considerado uma das referências em conhecimento no cultivo do lúpulo, Pablo Tamayo começou a investir e estudar o lúpulo em 2017. Hoje, sua produção ainda não é em grande escala, mas ele consegue ter até três safras no ano e vender seu produto fresco e também embalado à vácuo e refrigerado. De acordo com ele, mesmo o lúpulo desidratado e embalado à vácuo, com validade de até seis meses, tem alto valor agregado por ser considerado fresco.
 
Em 200 metros quadrados, em sua propriedade no Lago Norte, Tamayo consegue cultivar cerca de 60 plantas, o que lhe rende entre 30 kg a 45 kg por colheita e entre 100 kg e 150 kg por ano. Como a planta cresce para cima, é possível colocar entre 2,5 mil a 3 mil plantas em 1 hectare. O que, segundo ele, dá para ter um produto final, já seco, entre mil e dois mil quilos.

“É um negócio bastante atrativo do ponto de vista financeiro. […] Ele é um produto que tem um potencial muito bom de preço de venda. Tem lúpulos bons, brasileiros, sendo vendidos entre R$ 150 e R$ 300 o quilo. O custo de algumas produções varia entre R$ 40 e R$50 reais o quilo”, explica o produtor Pablo Tamayo.
  
Hoje, ele consegue vender seu lúpulo para fábricas de kombucha em Brasília e em Florianópolis, além de algumas cervejarias artesanais da capital. Por vender lúpulo orgânico, ele garante ter um bom retorno das vendas. “A expectativa é expandir para um cultivo profissional e comercial maior”, diz.
 
Pablo trabalhava com infraestrutura de tecnologia de redes quando começou a se interessar por agricultura e cultivo orgânico. Com o conhecimento repassado por alguns amigos sobre o cultivo orgânico de hortaliças, seu interesse era cultivar algo diferente. Na época, ouviu falar do lúpulo, sobre ser uma planta importada, sem cultivo no Brasil e que dava sabor e características especiais para a cerveja. Motivos suficientes para se apaixonar, aprender tudo sobre o cultivo e começar o investimento no quintal de casa.
 
Colheita

No processo de colheita, a parte aérea da planta é arrancada no tronco. Da parte arrancada são aproveitados os cones. A rebrota ocorre a partir da raiz (rizoma) que permanece em campo, sendo vigorosa, crescendo até 30 cm por dia. A nova colheita somente ocorre após quatro meses, quando as hastes já estão grandes novamente e com flores. Com a colheita feita toda manual, Breno conta ter bastante trabalho. “Tem que arrancar planta e arrancar cone por cone. Isso demanda muito tempo. Quem tem o maquinário agiliza todo esse processo. Mas adquirir o maquinário tem um custo muito alto”, relata.
 
De acordo com o extensionista Daniel, a perspectiva da Emater e do grupo de produtores que cultivam lúpulo é adquirir o maquinário por meio do Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR).  Com isso, todo o trabalho hoje manual, de colheita e separação do cone, será realizado pelo maquinário, eliminando grandes gargalos para pequenas produções.
 
Após a colheita dos cones, o passo seguinte é levar para a secagem, para depois embalar à vácuo. No caso do uso sem secar a cervejaria precisa ser próxima para utilização do produto em até 48 horas. O consumo do lúpulo fresco dá mais frescor e sabor à cerveja. No entanto, a quantidade usada acaba sendo quase quatro vezes maior do que o lúpulo seco.

Fonte: Por:  -Eliza Maliszewski 

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