Curitiba/PR
A ocorrência de cigarrinha nas lavouras de milho e os consequentes enfezamentos vermelho e pálido têm afetado a produtividade da safra do Paraná. Preocupadas com a situação, as cooperativas agropecuárias estudam um trabalho conjunto para combater o problema. A proposta do que pode ser feito foi discutida na manhã desta terça-feira (18), no Fórum Agronômico coordenado pelo Sistema Ocepar. A força tarefa contra a cigarrinha no Paraná deve ter participação de cooperativas, instituto de pesquisas e extensão, e de empresas fornecedoras de híbridos. “O objetivo é criar um grupo de trabalho para pensar em estratégias de manejo e estruturar um projeto contínuo de orientação aos produtores, monitoramento, compilação dos dados e divulgação dos resultados”, disse o analista Técnico da Ocepar, Jhony Moller. “Precisamos pensar em conjunto e, colocando em prática o princípio da Intercooperação do cooperativismo, vamos trabalhar juntos para enfrentar um inimigo comum”, afirmou.
Surpresa - O coordenador técnico da Cocamar, Rodrigo Sakurada, lembra que o Paraná tem histórico de infestação cigarrinhas nas lavouras do estado. “Diante dos problemas do ano passado, o departamento técnico da cooperativa adotou algumas medidas nesta safra, entre as quais, uma janela de plantio mais reduzida, busca por híbridos mais tolerantes e o controle químico. Também o que fizemos de diferente na Unidade de Difusão de Tecnologias (UDT) da Cocamar, e que deu resultado, foi plantar no mesmo dia que os vizinhos estavam plantando. Comparado a 2019, tivemos um resultado melhor. As surpresas foram minimizadas. Mas o risco da doença permanece, porém, juntando forças conseguimos ser mais eficientes”, disse. “É um trabalho que parece ser bem amplo, mas se conseguirmos concentrar, planejar e trazer para a nossa realidade, vamos conseguir ser mais efetivos no manejo dessa doença. Acho que alguns pontos são consenso, como a dificuldade em obter informações em relação aos híbridos, a dificuldade de diagnose, manejo do milho Tiguera e o controle do vetor”, completou o gerente técnico da Copacol, Tiago Madalosso.
Discussões - Após a apresentação da proposta de manejo contra a cigarrinha, o houve o relato dos desafios enfrentados com a cigarrinha nas últimas duas safras, com representantes das cooperativas Coasul, Nova Produtiva, Coamo e Coopavel. A programação contemplou ainda o debate sobre infestação, controle e problemas provocados pela doença no milho, com a participação de profissionais do IDR-Iapar. Na sequência, representantes da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) falaram sobre as ações da entidade. “Hoje foi apenas o início de um trabalho, teremos outras reuniões para estruturar protocolos de manejo e projetos que gerem informação de forma contínua par ao produtor. Queremos, como cooperativas, ajudar a combater esse problema. Há relatos de que, na safra passada, alguns produtores não puderam sequer colher a lavoura, tamanho foi o problema. Então, queremos contribuir, como cooperativas, no controle da cigarrinha. A finalidade é envolver todas as regiões produtoras do milho safrinha”, explicou Jhony Moller.
Cenário - Em 2019, o Paraná cultivou 2,6 milhões de hectares com a cultura do milho e obteve uma produção estimada de 13 milhões de toneladas. Deste total produzido, 3 milhões de toneladas foram exportados, fato que torna o estado o segundo maior exportador, e o restante destinados ao consumo interno na alimentação humana e, principalmente, utilizado como um dos principais insumos para alimentação da avicultura, suinocultura e bovinocultura. Esse cenário torna o milho a segunda principal cultura em importância econômica para o Paraná e ataques das pragas e doenças estão entre os principais entraves para a manutenção da produtividade.
Sobre a cigarrinha - A cigarrinha é uma doença sistêmica que afeta a fisiologia, nutrição, desenvolvimento da planta e produção. A ocorrência nas lavouras de milho e os consequentes enfezamentos vermelho podem afetar 100% da lavoura. “Não há produtos curativos, somente com o manejo preventivo é possível evitar a infecção nos estados”, disse a pesquisadora do IDR-Iapar, Michele R. Lopes da Silva.
Ações - Na região da Coamo, em Campo Mourão, João Carlos Bonani, gerente Técnico, conta que os primeiros contatos com a doença aconteceram na Fazenda Experimental. “Temos realizado muitos estudos, disseminando o conhecimento tendo como fundamental estratégia o manejo integrado”, afirmou. “Temos um inimigo em comum e que tem causado muitos prejuízos”, disse o coordenador Técnico da Coasul, Adriano Machado. Ele conta que na área de atuação da Coasul, no Sudoeste do Paraná, o problema se intensificou na safra 2018. “Mas foram casos isolados, mas em 2019 o problema veio com tudo. Foi uma catástrofe, tivemos áreas que o problema foi drástico, em que os produtores, na maioria de pequeno e médio porte, chegaram a nem colher a lavoura. E surpreendeu também a ocorrência no milho verão”, contou. “Acende um alerta, temos feito um monitoramento. O objetivo é não é assustar o produtor, mas mostrar que o problema existe e que é preciso ele combine estratégias de manejos”, afirmou o supervisor técnico da Nova Produtiva, Luis Clóvis de Oliveira.
Fonte: Sistema Ocepar