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Paraquate: Agrônomos e especialistas independentes avaliam o impacto

Através da Resolução – RDC n° 10, de 22 de fevereiro de 2008, a Anvisa determinou a condução da reavaliação toxicológica do ingrediente ativo Paraquate,  devido à existência de estudos demonstrando a alta toxicidade aguda e crônica desse ingrediente ativo. 

Conforme determinado pelo Decreto n° 4.074, de 04 de janeiro de 2002, é atribuição da Anvisa reavaliar agrotóxicos, componentes e afins que apresentarem indícios de alteração dos riscos à saúde humana. No processo de reavaliação de um agrotóxico, após a análise de todos os dados e estudos, deve-se avaliar o peso das evidências obtidas, a relevância dos efeitos para os seres humanos, se eles se enquadram nas características legais proibitivas de registro e se há necessidade de alterar, suspender ou cancelar do registro do ingrediente ativo reavaliado ou se ele pode ser mantido. 

Assim começa uma discussão entre órgãos governamentais nas esferas jurídicas com advogados, cientistas, associações ligadas a agricultura entre outros. Mas afinal de contas qual é o impacto do possível banimento deste ingrediente ativo para o setor produtivo agrícola?

O Agrolink traz uma análise com dados de profissionais do mercado de defensivos e especialistas em plantas daninhas sobre a real importância do Paraquate.

O Paraquate é um herbicida inibidor do fotossistema I (FSI). A fotossíntese é afetada levando à destruição das membranas celulares e a morte dos tecidos. As folhas amarelam e ressecam especialmente rápido na luz solar.

O Paraquate é um herbicida total de contato que controla tanto monocotiledôneas (folhas estreitas) como dicotiledôneas (folhas largas) em pós emergência aplicados na modalidade de pré-plantio, dessecação e jato dirigido. As duas primeiras estão relacionadas respectivamente ao sistema de plantio direto e antecipação da colheita.

De acordo com o Engenheiro agrônomo Josué Verba Especialista em Marketing e Estratégia para o Mercado de Proteção de Plantas, o volume de Paraquate exportado para o Brasil gira em torno de 36 milhões de litros de produto comercial.  As doses deste herbicida variam entre 1,5 – 2,0 l/ha e levado em consideração a dose de   2l/ha e uma única aplicação seria possível tratar 18 milhões de hectares, ou seja, correspondente a mais da metade da área de soja plantada no Brasil em 2015 (fonte IBGE e Boletim do Porto/MDIC-Sistema Alice/Empresas de importação).

Ainda de acordo com o especialista a venda do produto é dividida entre as culturas da seguinte maneira : Soja 53%; Algodão, milho e cana em torno de 27%; Feijão, batata, café e trigo 10% e as demais culturas 10%.  Este produto tem como uso as principais culturas de exportação e outras de grande importância para o  mercado interno do agronegócio brasileiro.

Segue abaixo as marcas comerciais e empresas registrantes de produtos à base de Paraquate .

Fonte: Agrolinkfito  http://www.agrolink.com.br/agrolinkfito/Default.aspx

Para avaliar as questões técnicas pertinentes na reavaliação da molécula foi consultado o Doutor Fernando Storniolo Adegas, que é especialista em plantas daninhas da Embrapa de Londrina. 

Veja abaixo a entrevista na íntegra sobre os principais pontos da discussão em questão.

Agrolink - O Paraquate é usado principalmente nas operações de dessecação em pré-plantio e na dessecação da cultura, levando em consideração a disponibilidade de outras moléculas e importância no manejo em qual modalidade e perda do Paraquate teria mais impacto?

Além dessas duas modalidades o Paraquate também é utilizado na operação de controle de plantas daninhas, em culturas anuais e perenes,  em “jato dirigido”. Dessas três modalidades, as duas primeiras citadas, dessecação em pré-plantio e dessecação da cultura para a colheita, são as principais e é difícil especificar em qual delas a perda do Paraquate teria mais impacto, pois nas duas o impacto seria grande

Agrolink - O Paraquate é classificado como um inibidor de fotossistema I. Outro integrante do grupo é o Diquate. Quais as principais diferenças no desempenho destes dois produtos?

A principal diferença é no espectro de ação, pois enquanto o  Paraquate tem bom eficiência para o controle de plantas monocotiledôneas e dicotiledôneas, o Diquate controla basicamente plantas dicotiledôneas, vulgarmente conhecidas como “folhas-largas”.

Agrolink -Quais as espécies de plantas daninhas seriam especialmente impactadas pela proibição do Paraquate?

De maneira geral, o controle de todas as espécies para as quais o produto tem registro de uso seria afetado. No entanto, consideramos que o maior impacto seria no controle das espécies resistentes ao glifosato, principalmente o Azevém, a Buva e o Capim-amargoso.
Observação – informações sobre espécies controladas pelo produtos a base de Paraquate –Agrolinkfito. 

Agrolink - Levando em conta a aplicação em pré-plantio que produtos ou combinações seriam os possíveis substitutos? E na aplicação de dessecação da cultura ?

Dificilmente haverá um substituto geral e único do Paraquate, pois dependerá de cada área e situação específica, onde em muitos casos haverá realmente a necessidade da utilização combinações de herbicida ou de diferentes sistemas de aplicação, como sequenciais. Os principais herbicidas que poderiam fazer parte dos sistemas de controle seriam o glifosato, o glufosinato de amônio, o saflufenacil, o 2,4-D e o diquat, para a dessecação de pré-plantio; e os mesmo herbicidas, com exceção do 2,4-D, para a dessecação das culturas, ressaltando a necessidade de se verificar a existência de registro específico destes  herbicida para cada cultura/modalidade de aplicação.

Agrolink - O cenário atual mostra o aumento do número de espécies de plantas daninhas resistentes, de sua distribuição geográfica e aparecimento de novas espécies resistentes . Como a perda de produtos como o Paraquate pode impactar a produção agrícola brasileira?

Atualmente, no caso das espécies resistentes ao glifosato o impacto seria enorme, pois estas plantas, principalmente o Azevém, a Buva e o Capim-amargoso tem uma fase importante de controle sendo realizado antes da semeadura das culturas de verão, especialmente a soja, na operação de dessecação de pré-semeadura, em aplicações sequenciais ou não, onde o Paraquate é um dos principais herbicidas utilizados.

Ouvidos agrônomos especialistas, ficamos seguramente mais informados a partir de opiniões independentes e qualificadas.

Fique ligado em contribuições de usuários, técnicos e outros especialistas que seguramente se manifestarão sobre o tema logo abaixo da matéria. Tendo visão diferente, expresse no espaço logo abaixo desta matéria. 

*A produção desta matéria contou com a colaboração do Engenheiro Agrônomo Josué Verba.

Fonte: Agrolink

Autor: Aline Merladete

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