Fungo do trigo viajou da América do Sul para a África

Doença se originou na Bolívia

Análises genéticas mostram que um fungo destrutivo da brusone do trigo que viajou da América do Sul ao Sudeste Asiático está agora estabelecido na Zâmbia em condições de chuva, de acordo com um novo relatório do Laboratório Sainsbury. A brusone do trigo, Magnaporthe oryzae, é um fungo com implicações devastadoras para a cultura do trigo. 

Foi detectado originalmente em campos de trigo brasileiros em 1985 e rapidamente se espalhou pela maior parte do continente sul-americano. Em 2016, a primeira pandemia de explosão do trigo além da América do Sul atingiu Bangladesh e as autoridades tiveram que destruir mais de 15.000 hectares de plantações para tentar conter esse patógeno virulento.  

Menos de dois anos depois, os agricultores zambianos foram atingidos pela primeira pandemia de explosão do trigo na África. Até agora, não houve confirmação se a mesma cepa do patógeno se espalhou para os três continentes ou se essas pandemias foram causadas por patógenos endêmicos que se espalharam de outras espécies de gramíneas para o trigo. 

Para responder a esta pergunta, o Prof. Sophien Kamoun e sua equipe no Laboratório Sainsbury em Norwich colaboraram com o Dr. Batiseba Tembo (Instituto de Pesquisa Agrícola da Zâmbia), o Prof. Tofazzal Islam (Instituto de Biotecnologia e Engenharia Genética em Bangladesh) e colegas do The Graduate Escola de Ciências Agrárias do Japão, Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT) no México, Laboratório de Biologia Evolutiva na Suíça e Departamento de Entomologia e Patologia Vegetal no Tennessee (EUA). Juntos, eles analisaram amostras da pandemia de brusone do trigo nos três continentes. 

Análises moleculares mostraram que exatamente o mesmo conjunto de 84 marcadores genéticos estava presente em amostras de Bangladesh, Zâmbia e Bolívia, ligando os países por meio de um único clone pandêmico. Todas as amostras da Zâmbia coletadas de 2018 a 2020 eram do mesmo clone, indicando que provavelmente houve apenas uma introdução. 

Fonte: Por: AGROLINK -Leonardo Gottems