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DF: coronavírus – Mapa, Embrapa, Abbi e Braskem debatem caminhos para a geração de bioinsumos e bioprodutos

Para especialistas, Brasil tem condições de se manter na liderança da bioeconomia. Programas de estimulo à inovação são imprescindíveis, e a Embrapa tem papel fundamental
 


Brasília/DF

A Embrapa Agroenergia promoveu nesta quinta-feira (23) mais uma live com representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Associação Brasileira de Bioeconomia (Abbi) e da empresa Braskem. Desta vez, o debate foi sobre as oportunidades que o Brasil tem para agregar valor à sua biodiversidade por meio da geração de bioinsumos e bioprodutos. Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, iniciou o debate afirmando que a sustentabilidade é uma agenda imperativa no mundo atual e será a palavra de ordem do pós-pandemia de Covid-19. “O movimento é bastante consistente no mundo. Já existem várias agendas nesse contexto e o Brasil está na vanguarda”, disse.

Thiago Falda, presidente-executivo da Abbi, iniciou sua fala afirmando que a população tem demandado por tecnologias mais sustentáveis e que continuar gerando resíduos não-renováveis levaria a economia global ao colapso, sendo o aquecimento global o fator de maior impacto. “Os desafios estimulam a sociedade a desenvolver tecnologias com o uso de novos recursos energéticos e matérias-primas”, disse.

Para Falda, há potencial para reproduzir de forma sustentável qualquer produto de origem fóssil, com o uso da biotecnologia para o desenvolvimento de novas moléculas, produtos e cadeias. Ele ressaltou que o Brasil se destaca dos demais países do mundo por sua biodiversidade e biomassa abundantes e por estar modernizando seus marcos regulatórios. “A legislação deve acompanhar o desenvolvimento tecnológico para que o potencial de desenvolvimento econômico não tenha freio”, disse, alertando que se os programas de estimulo à inovação não continuarem o Brasil corre o risco de “perder o bonde”.

Mateus Schreiner, gerente global da indústria química Braskem, ressaltou que o mundo está numa corrida para reduzir a pegada de carbono e que várias empresas, como a Braskem, já estão caminhando nesse sentido. “Nas próximas décadas, investiremos para aumentar a capacidade para produzir produtos renováveis. É um caminho sem volta que vai exigir uma conexão cada vez maior entre a indústria de materiais e uma agricultura de baixo carbono”, afirmou.

Programa Nacional de Bioinsumos
Fernando Camargo, secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa, falou sobre o Programa Nacional de Bioinsumos. Lançado pelo governo em maio deste ano, o programa tem como objetivo estimular o aproveitamento da biodiversidade brasileira para reduzir a dependência de insumos importados e ampliar a oferta de matéria-prima para os produtores rurais.

Para Camargo, o contexto mundial do pós-pandemia vai trazer mudanças radicais, onde passaremos do food security (segurança alimentar) para o food safety (segurança dos alimentos). “Internacionalmente a preocupação com o meio ambiente voltou a ser forte. O tema do carbono neutro será cada vez mais relevante”, disse.

Na opinião do secretário, há no Brasil todo um contexto favorável para a bioeconomia e o lançamento do Programa Nacional de Bioinsumos se insere nesse contexto. “Já existiam iniciativas na área de bioinsumos. Regulamentamos somente onde era necessário. Agora queremos saber o que mais o setor produtivo precisa que o poder público faça”, questionou, reforçando a importância do feedback do setor produtivo.

Na mesma linha, Cleber Soares, diretor de Inovação do MAPA, falou sobre o protagonismo do consumidor sobre o que consome e que cada vez mais a sociedade irá exigir valores intrínsecos e extrínsecos nos produtos. “O futuro das principais atividades econômicas será bio. A indústria química já está refletindo sobre o seu modelo de negócios. O que precisa crescer é a agricultura com base em ativos  biológicos, suportada pela bioeconomia e bioenergia”, disse.

Como visão de futuro, Cleber aposta que a associação carbono + água será o próximo grande desafio mundial. “O produtor que entender e entrar nesse modelo só tem a ganhar num horizonte de tempo muito curto”, concluiu.

Brasil está no caminho certo
O Brasil está no caminho, mas ainda tem uma série de desafios a vencer. Essa é a opinião de Guy de Capdeville, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, outro convidado da live. Para Guy, já definimos políticas de Estado e agora o Governo Federal deverá ajudar a encontrar novos mercados para os bioinsumos e bioprodutos. “É preciso entender o modelo das indústrias de base biológica que tem de ser estabelecido no país. O momento chama para um novo modelo: bioeconomia com a substituição de produtos de origem fóssil”, afirmou.

Capdeville reforçou que o grande diferencial do Brasil é a sua biodiversidade gigantesca, que oferece um mundo de alternativas. Ele citou como exemplo o plástico verde, as ferramentas disponíveis para a edição gênica, as pesquisas com o ácido ferúlico (que confere rigidez à parede celular das plantas) e os resíduos lignocelulósicos, todos bases para novos bioprodutos. Outro ponto importante citado pelo diretor foi o uso de microrganismos como biofábricas para a criação de novas moléculas e as múltiplas alternativas para o uso da lignina como matéria-prima.

O diretor de P&D da Embrapa aposta que os próximos anos da empresa serão dedicados à temática dos bioinsumos e bioprodutos. Ele lembrou que a empresa está construindo o seu próprio modelo de inovação. “No momento certo, nos associaremos aos parceiros para fazer inovação, seguindo o modelo de parcerias público-privadas para o cofinanciamento da pesquisa”, finalizou.

Protocolo de Nagoya e incentivo à inovação
Outro ponto abordado na live foi a recente ratificação pela Câmara dos Deputados do Protocolo de Nagoya, que define regras internacionais sobre o compartilhamento de dados da biodiversidade. Para Thiago Falda (Abbi), a ratificação do acordo internacional será bom para o Brasil, pois ajudará a proteger a biodiversidade e a melhorar o ambiente de negócios para bioprodutos e bioinsumos.

“Vai ficar mais fácil para o Brasil ter acesso à repartição de benefícios. Agora cabe ao nosso país direcionar o recurso que virá para atividades de inovação”, defende Falda.

Mateus Schreiner (Braskem) lembrou da importância de desenvolver os empreendedores do mundo agro, dentro dos próprios programas acadêmicos, para implementar as tecnologias no mercado. “O grande desafio é desenhar a melhor estratégia para cada tecnologia em particular. Conversar com a indústria a fundo, isso ainda é muito tímido na nossa formação. Um excelente pesquisador pode não ter idéia de como fazer negócio”, disse. Para Schereiner, o pesquisador tem que ser o vetor para levar esse assunto adiante.

Sobre este assunto, o secretário Fernando Camargo, do Mapa,  falou do novo modelo de gestão da Embrapa, voltado para negócios, e do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária. “Precisamos ir ao Ministério da Educação e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para fomentar a pesquisa nas áreas de bioeconomia, bioinsumos e agricultura digital. O maior incentivo para isso é que muita gente vai ganhar dinheiro e ser bem sucedido”, afirmou.

Cleber Soares (Mapa) falou da proliferação das Agritechs (as startups do agro) e que um dos focos do Programa Nacional de Bioinsumos é apoiar empresas. “A alavancagem de novos negócios já está em plena aceleração no Brasil. Em 2018 tínhamos 487 startups e em 2019 esse número aumentou para 1.125”, disse, citando o levantamento 1º Radar Agritech.

“Acho que o Brasil vai chegar próximo a 2.500 startups no próximo levantamento e que em breve teremos a primeira empresa “unicórnio” (startup com valor de mercado de mais de 1 bilhão de dólares) do agro brasileiro”, aposta.

A live “Bioinsumos e bioprodutos: como agregar valor à nossa biodiversidade/agro por meio de ciência e tecnologia” alcançou um total de 1.400 visualizações e um pico de 204 pessoas assistindo simultaneamente. 



Fonte: Embrapa Agroenergia 

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