Fungicida pode "potencialmente provocar câncer e prejudicar a capacidade reprodutiva"
Técnicos da gerência-geral de toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendam a proibição da venda e do uso de defensivos agrícolas à base de carbendazim. O fungicida é um dos mais usados no Brasil em culturas como feijão, arroz e soja, entre outras culturas.
Segundo o relatório, o carbendazim “possui aspectos toxicológicos proibitivos de registro, não sendo possível estabelecer um limiar de dose segura para a exposição” humana. De acordo com os técnicos do órgão regulatório, o fungicida pode potencialmente provocar câncer, prejudicar a capacidade reprodutiva humana e afetar o desenvolvimento.
“Importante pontuar que as análises realizadas [pela gerência-geral] basearam-se em evidências técnicas e científicas, incluindo estudos e relatórios das empresas [fabricantes dos produtos registrados no Brasil] e das principais agências reguladoras internacionais, além da literatura científica e outras referências necessárias”, afirmou a diretora da Anvisa Cristiane Rose Jourdan, relatora do processo.
De acordo com ela, além de ter sido “enquadrado em critérios potencialmente proibitivos” para obtenção do registro, o produto “apresenta comercialização expressiva no país, sendo o ingrediente ativo mais detectado em alimentos, além de representar risco dietético à população”. Cristiane reconheceu, entretanto, que no primeiro momento pode haver uma alta dos preços dos principais alimentos.
“O carbendazim está entre os 20 agrotóxicos mais comercializados no país e tem o uso agrícola como agrotóxico aprovado para a modalidade foliar nas culturas de algodão, cevada, citros, feijão, maçã, milho, soja e trigo. E também para a aplicação em sementes das culturas de algodão, arroz, feijão, milho e soja”, explicou a diretora durante a leitura do relatório.
“As empresas detentoras de registros de agrotóxicos poderão ter impactos econômicos imediatos na venda de produtos, uma vez que o ingrediente ativo está entre os 20 agrotóxicos mais comercializados no Brasil. Por outro lado, o uso do carbendazim como fungicida será substituído por um ou mais ingredientes ativos e, no curto ou médio prazo, as empresas poderão, eventualmente, substituir as perdas imediatas pela venda de produtos substitutos”, ponderou
O documento foi apresentado durante a 3ª Reunião Ordinária Pública da diretoria da agência, mas um pedido de vista conjunto interrompeu a votação final pela diretoria-colegiada do órgão de regulamentação. O processo de análise de impacto regulatório do carbendazim foi iniciado em dezembro de 2019, para reavaliar aspectos de segurança do fungicida. No Brasil 67 diferentes produtos à base de carbendazim com registro ativo concedido a 24 empresas. Confira a lista no AgrolinkFito clicando AQUI.
Fonte: Por: AGROLINK -Leonardo Gottems
Voltar